28/11/05

Poema IV


Vem, vamos embora,
que esperar nao e' saber
Quem sabe faz a hora,
nao espera acontecer

Refrao do poema/cancao
"Pra nao dizer que nao falei de flores"
Geraldo Vandré (1935 - ?)

22/11/05

Kamakura I


Num Domingo solarengo dois trintões dirigiram-se para Kamakura city em busca do templo perdido. Tendo o Oceano Pacifico como pano de fundo, embrenhamos-nos na selva urbana e, com um olhar arguto e descontraído, percorremos vários templos Xintoístas e Budistas onde a ressonância dos Gongs e o cheiro a incenso nos ajudou 'a acompanhar a contemplação dos crentes. No templo Hasedera os milhares de estátuas de formas grotescas, à semelhança de um exercito mudo/estático de vigilantes, fizeram-nos pensar na espiritualidade associada ao culto da Mãe Natureza (o credo mais antigo do mundo) e no nosso papel de peões nesta criação cósmica de átomos em movimento. Ansiando pelo estado Zen continuamos a marcha pois ainda havia novos mundo para trilhar...

Alguns nativos informaram-nos da existência de um Grande Buda (chamado Daibatsu e com 850 toneladas de cor verde bronze) algures a Norte. Ainda tínhamos mantimentos para algumas horas e partimos à sua descoberta. Por fim atingimos o destino mas a mente ainda não se sentia saciada, decidimos então aventurar-nos mais a Norte e, para nosso prazer, em pleno coração de Kamakura encontramos um mundo de templos habitados. O maior dos quais chama-se Tsurugaoka, onde nos foi permitido assistir a um casamento Xintoísta.
A cidade de Kamakura situa-se a 50Km a Sudoeste de Tóquio e foi capital do Japão entre 1192 e 1333 sob a égide dos clãs Minamoto e Hojo. Para muitos apelidada da "Kyoto do Leste" e' um local pejado de templos e historia. Rodeada de pequenas montanhas verdes ainda tem o bónus de ser banhada pelo Oceano Pacifico.

Há locais assim!

15/11/05

Nikko I

A beleza que emana da terra tem a capacidade de nos arrebatar. Locais como Nikko (140Km a Norte de Toquio) fazem-nos sentir assim.
Ontem regressei de um fim-de-semana pintado pelas cores de outono e pela generosidade da Universidade de Toquio. Depois do prazer dos banhos de aguas vulcanicas e do assedio visual das cores vivazes, o regresso ao dia-a-dia soa de forma tenebrosa. Mas assim deve ser a vida... uma luta constante entre "o tem de ser" e a fuga ao quotidiano.

Nikko tem uma longa historia que remonta ao Século VII, quando os primeiros templos Xintoístas se instalaram na cidade. As aguas vulcânicas que brotam das entranhas da terra foram aproveitadas (para consolar Corpo e Espírito criaram-se os Onsens) e as cores idílicas que envolvem Nikko trespassaram para a poesia e para a arte Japonesa. Chega o Século XVI e Tokugawa Ieyaso (O senhor feudal que unificou o Japão) ordena a construção de uma serie de templos que são hoje Património Mundial. Imaginem essa riqueza num cenário de montanhas povoadas pelas cores do outono e pelas quentes aguas que brotam do ventre da montanha.
A Universidade financiou o projecto e 42 estudantes, 1 Professor e o Staff das Relações Internacionais aceitaram o repto. Um autocarro levou a nossa boa disposição para Norte.
Ao passar pela porta do templo de Tosho-Gu apercebemos-nos que pisávamos terreno sagrado. Em seguida fomos para um Onsen (hotel especializado em banhos de aguas vulcânicas) de 9 andares onde deu para dormir num quarto de estilo Japonês (com camas Futon e paredes deslizantes de papel). Vesti uma Yukata (em exclusivo...) o tempo todo e, por entre banhos e massagens, tivemos um jantar delicioso/abundante no mais puro estilo Oriental (seguido de Karaoke). No dia seguinte exploramos a Edoland (parque de diversões que recria o estilo de vida do Japão antigo) e, de autocarro, atingimos os planaltos das montanhas Futarasan-jinja para perdermos o olhar pelas encostas cor de fogo.

Há fins de semana assim!

08/11/05

Nikon D50


Um sonho de infância foi ontem cumprido. Passei a ser dono e senhor de uma maquina fotográfica Nikon D50 equipada com uma lente AF-S DX Nikkor 18-70 mm f/3.5-4.5G IF-ED. Como sabe bem este sentimento de posse! Afinal de contas a sociedade de consumo tem as suas vantagens...


A partir de agora Tóquio passa pelos meus olhos, e pelos vossos tambem!

01/11/05

Os Samurais do Nihongo

Alguns elementos da minha turma durante o intervalo

Duas vezes por ano a Universidade de Tóquio (Todai) oferece cursos de Japonês (Nihongo). São gratuitos, divertidos e há-os para todos os gostos e feitios...

O Professor Hirose colocou a minha pesquisa em stand-by e, durante 4 meses, tenho a missão diária de aprender as artes do Nihongo.

Inscrevi-me num Curso intensivo, sem fins-de-semana nem horario de expediente. O céu é o limite, que é como quem diz por aqui, Ganbate!

O Curso tem uma estrutura funcional muito oleada. Os professores do Centro de Línguas são excelentes e TRABALHAM EM EQUIPA em prol de um objectivo comum (que longe estas Portugal...). As propinas do curso são elevadas mas o Padrinho Monbusho (Ministerio da Educação, Ciência, Desporto e Cultura) paga tudo!

Sinto progressos diários (já consigo de facto estabelecer pequenos diálogos patéticos e fazer o meu próprio pedido nos restaurantes).

Há 3 alfabetos no Japonês (Hiragana, Katakana e o Kanji). Utilizam-se os 3 alfabetos em simultâneo e tradicionalmente escreve-se de cima para baixo e da direita para a esquerda. Cada um dos Kana e' composto de 46 sílabas/caracteres/"letras". São ambos silábicos e representam sons. O Hiragana predomina mas o Katakana está sempre por perto e é usado para escrever palavras de origem estrangeira. O Kanji é de origem Chinesa e é pictográfico, ou seja, cada imagem representa um conceito que varia consoante o contexto. Felizmente o governo Japonês, dos 50 mil Kanji existentes, regulamentou APENAS 2000 para uso comum... Ufa!

Na minha turma 9 destemidos Samurais linguísticos aceitaram o repto de se embrenharem na doce arte do Nihongo: o Erham e o Caneru (Turquia), o Thao (Vietnam), o Ardi (Indonesia), o Bhin (Nepal), a Amy (Malasia), a Yuan (China), o Richard (Inglaterra) e o Antonio (aka Eu) de Portugal. Nunca nos esquecemos de rir com os nossos erros e de agradecer a oportunidade de estar aqui, na ilha de Cipango, no ano 2005 de nosso senhor Jesus Cristo. Jaa Mata!

No blogue Neverending Story há um texto muito interessante sobre a língua Japonesa. Chama-se "Às voltas com as palavras..." e foi escrito pela amiga Laura (a sorridente chama Lusa que ilumina esta Universidade).