Rezam as estatísticas que 20 milhões de pessoas circulam diariamente nesta Metropolis. As multidões, num constante fluir mecânico, deslocam-se de bicicleta e de Transportes Públicos: Cidadãos anónimos, presidentes de bancos e estudantes em uniforme seguem o seu fado de formigas humanas - com o olhar em frente, num passo rápido e decidido, pois não há tempo a perder na sua rotina laboral.
Este movimento sustenta-se num exercito de Táxis e autocarros, numa imensidão de bicicletas, em 13 linhas de Metro e numa fantástica rede ferroviária. Febril, pontual, caótico, eficiente, moderno e sobre-lotado, são termos que poderíamos utilizar para descrever os transportes públicos de Tóquio. Mas não há nada como um exemplo:
Normalmente saio de casa pelas 7h50min, de bicicleta vou até à estação do bairro, onde me coloco ordeiramente na fila. De 3 em 3 minutos um comboio pára, a fila avança e quando chega a minha vez sempre me pergunto - "será que consigo entrar?" Em Roma sê romano e é assim que entro de costas, furando a multidão, outras pessoas seguem-me e admiro-me por não ter sido o ultimo. Se alguém fica entalado na porta, empregados de luva branca ajudam-no (empurrando-o) a entrar. O mote é "Há sempre espaço para mais um!" Durante 20 min os corpos confundem-se, nunca sabemos com precisão onde acaba o nosso corpo e começa o dos outros. Se for possível erguer o braço, com o livro ou com o telemóvel no ombro do vizinho, aproveita-se para ler um pouco ou escrever uns emails. Outras pessoas, conscientes de que o dia será longo, cerram as pálpebras e entram em standby. Há também aqueles que dormem (sentados ou em pé) pois o comboio é a sua segunda cama. Mudo para o Metro, as multidões vão diminuindo e termino a minha rota caminhando pela universidade. No total demorei 1h10min. Á noite espera-me o caminho inverso, no regresso a casa.
Posso contar o meu percurso mas não consigo descrever a emoção de avistar, ao anoitecer, o Comboio Bala por entre os arranha céus de Shinjuku, num cenário futurista adequado a um Blade Runner. Pensamos no futuro, e a custo nos apercebemos que o futuro é já presente.