28/10/07

O Estranho Mundo de Tóquio

Na Sexta-feira, no regresso a casa, encontrei um Batman e um travesti alcoolizados à saida da estação. Ontem, algumas partes da cidade acusavam a presença de monstros, mutantes e mascarados e nem o tufão 0709 os demoveu de atemorizar quem encontravam. Hoje de tarde, nas ruas de Sengawa, havia centenas de crianças, pais e curiosos mascarados de abóboras, bruxas e assassinos em série.

Embora o Halloween seja no dia 31, por conveniência (aqui nestas bandas) comemora-se no Sábado anterior. Além disso, atendendo aos seus trajes, parece que algumas pessoas confundem o Halloween com o Carnaval... (mas o que interessa é que se divirtam)

20/10/07

32

Hoje, Domingo, o escriba deste blog faz 32 anos e este Senhor, se estivesse vivo, teria 65 anos.

Em nome da "ciência"

Há quem proteja as amigas baleias mas também há quem as cace em nome da “ciência”. E é assim que, desde 1987, no âmbito de um "programa científico", o Japão mata 800 ou 900 baleias por ano. Embora sejam mundialmente repudiados, defendem o acto com argumentos flácidos. Mais informação em 1 e 2.

18/10/07

Apanhados XIV

Um coração Moçambicano, grande e generoso - Shibuya, Tóquio - Março 2007

15/10/07

A Esposa que Lançava Gases

No Japão, algumas lendas e contos para crianças cativam pela sua beleza (ex. Tanabata) mas outras é por serem estranhas (ex: a criança que cresceu dentro de um pêssego (Momotaro) ou "A Esposa que Lançava Gases" (The Farting Wife)).

Reza a história que, numa pequena aldeia, havia uma esposa perfeita - cozinhava bem, limpava bem a casa, era meiga e querida. Mas, como no melhor pano também cai a nódoa, ela libertava muitos gases. Sentindo-se culpada e em continência rectal há já algum tempo, confidenciou isso à sogra que lhe disse, "If you want to fart, fart," she says. "A fart's only a fart. Everyone farts. Why shouldn't you fart?" e, logo a seguir, a sogra foi projectada pelos ares. Consecutivamente o marido resolveu devolve-la à família mas, no caminho, com o poder dos seus gases, ela ajudou uns mercadores a colher as pêras de uma árvore. Isso fez o marido dela rico e reconhecer o amor que eles tinham um pelo outro. Construiram um quarto insonorizado e viveram felizes para sempre...

"A esposa que lançava gases" foi traduzida para Inglês. Podem-na ler clicando nos ficheiros aqui ao lado e/ou ouvir um excerto da mesma no vídeo.

As imagens e o texto em que me baseio encontram-se em AnEnglishManInOsaka

14/10/07

Apanhados XIII

Um sorriso Vietnamita, afável e honesto - em Nokogiriyama, Japão - 05/2007
Um olhar Húngaro, arguto e observador - em Nokogiriyama, Japão - 05/2007

08/10/07

Fui à floresta

Eu fui à Floresta porque queria viver livre. Queria viver profundamente e sugar a própria essência da vida... expurgar tudo o que não fosse vida. Sem descobrir, ao morrer, que não havia vivido.

Henry David Thoreau (1817 - 1962)

07/10/07

José Manuel

Numa globalidade galopante, por vezes, surge o problema da identidade - o Homem desenraizado, solitário e triste. Nesse contexto, se não sabemos quem somos, talvez se possa ter a ilusão de que é possível escolher livremente a nossa identidade.

Aqui vos deixo um falso documentário sobre o José Manuel.

06/10/07

A viagem

Lisboa, Dezembro de 2006
Há coisa de uma hora, li numa montra de Roppongi que a vida é uma viagem...

A Carta II

Meu Senhor, sabe-se que o Capitão-mor desta Vossa frota amiúde novas tem escrito mas “não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que – para o bem contar e falar – o saiba pior que todos fazer! Todavia tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creia que, para aformosentar nem afear, aqui não há de por mais do que aquilo que vi e me pareceu. E portanto, Senhor, do que hei de falar começo.”

Chegamos a esta Vossa terra nova, como Vossa Alteza sabe, dois anos atrás no dia 6 de Outubro do ano de 2005. Desde então, muitas cosas se acharam e a acalmia por aqui nos tem mantido. Alguns nos têm seguido e, como me é dado ver e parecer, bem-vindo sejam aqueles que vêm por bem. O senhor feudal desta ilha continua a olhar-nos de feição e terras, pão, vinho, mulheres e cartas régias nos têm sido dadas e, quando as monções sopram a favor, lá vamos bolinando pelos mares destas ilhas. Aos poucos o novo idioma se entranha e os nativos se aproximam sem temor. Novas plantas, animais e produtos se acharam mas, por estranho que soe, muitas dessas plantas e animais também se acham em Portugal (diz-se que fruto de migrações de tempos idos). As oportunidades continuam a borbulhar e, se há as que se perdem, também há as que se agarram. Este seu servo quase de tudo tenta aprender e, agora que o Inverno se avizinha, por aqui iremos fundear com a graça do Senhor.

Beijo as mãos de Vossa Alteza.

Deste porto seguro, da Nossa ilha de Cipango, hoje, Sábado, sexto dia de Outubro de 2007.

António Rebordão

Post-scriptum: O primeiro parágrafo contem um excerto da Carta de Pero Vaz de Caminha.

05/10/07

Bob Cacet I

Amostras de uma existência na grande cidade…

O meu vizinho Bob tem sempre estórias para contar – seja a vez que saltou de um comboio em andamento, as deambulações por Paris ou a decadência de tempos idos. Não resisto a fazer dele personagem deste blogue pois não deixa de ser curioso o que ele me vai contando.

O Bob trabalha no showbiz e na sua vida não há grandes rotinas pois os dias sucedem-se por entre as exigências do momento e/ou ao sabor da corrente. Chegámos a Tóquio na mesma semana e por cá andamos desde então. Hoje almoçámos juntos e falámos destes últimos dias.

Não resisto em descrever o dia de ontem do Bob. A sua manhã começou com o estudo do Japonês e uma exibição de pintura Holandesa em Roppongi. Seguida de um almoço ao som de música Persa, da gastronomia Iraniana e da companhia do trio PHL. Mas como também há que trabalhar, lá rumou ao seu estúdio (perto de parque de Ueno) para descobrir que o PC tinha avariado com a chávena de café que lhe tinha caído em cima no dia anterior. Uma rápida substituição de PC e discos rígidos permitiu-lhe seguir em frente para, na companhia do sexteto PHELMA (E = Eu), terminar o dia saltitando por entre a energia orgasmica das livrarias e bares de Shibuya. Encerro esta pequena missiva com uma nota positiva para a L que estava de arrasar com o seu visual psicadélico e atitude habitual.

Hoje, antes de irmos almoçar, o Bob apareceu-me aqui em casa vindo dos banhos públicos que estão mesmo aqui ao lado. Também eu lá tenho ido e garanto que vale a pena.

Post-scriptum: Os banhos públicos são muito populares no Japão e são subsidiados pelo governo Japonês. Lá dentro somos todos iguais, todos nus em prol do bem-estar corporal. Ora bem, imaginem um complexo, pequeno ou grande, de massagens, jacuzzis, saunas e piscinas de águas vulcânicas. Muitas vezes têm áreas no exterior onde podemos estar nus sob a chuva, neve ou sol enquanto saltitamos de piscina em piscina. Cada piscina (entre 4 a 9m2) está a uma dada temperatura ou com uma dada combinação de minerais. Kimochi! (que bom!)

04/10/07

Outono 2007

Sente-se uma mudança no ar e os céus azuis, as temperaturas amenas e uma certa melancolia indicam que o Outono está a chegar. A cidade maquilha-se de azul cândido, amarelo solarengo e castanho Outonal onde eventos, pessoas e oportunidades se sucedem num rodopio vertiginoso.

01/10/07

Summa cum laude

Yoyogi-koen, Tóquio - Abril de 2007

Rodeado de verde e silêncio, este jovem ensaia alguma actividade minimalista numa urbanidade que se revela calma sob o despertar da manhã. Juntando-me a ninguém assisto aos seus movimentos rituais e questiono-me sobre o significado que encerram. Ele continua impávido à minha presença e a máquina fotográfica parece não o incomodar, afinal de contas, eu sou a audiência...