11/12/06

O Natal no Japão

Fotografia saqueada no weblog venezolano
No Japão, onde menos de 1% da população é cristã, o Natal foi importado pelos soldados norte-americanos após a II guerra mundial. Entalado entre as divertidas festas de bonenkai, no início de Dezembro, e a empolgante festa de fim de ano, o Natal reduz-se a uma morna e familiar noite de consoada, de fraco ou nenhum significado religioso, vivido apenas como um evento social especialmente dedicado às crianças e aos namorados.

A partir de meados de Novembro, no Oriente como no Ocidente, as montras enchem-se de desejo, e as ruas de cânticos e iluminações de Natal. Nas casas onde há crianças não falta a árvore de natal e as luzes que hão-de guiar o velho Jizo (o pai Natal japonês) na distribuição das prendas. A refeição de consoada é partilhada com a família ou entre namorados e manda a tradição que inclua carne de aves, champanhe e um bolo de Natal, feito de pão-de-ló coberto com creme, e enfeitado com morangos e “pais natais” de açúcar. É em nome desta refeição de consoada que surgem grandes filas nas lojas do Kentucky Fried Chicken, onde os mais precavidos não deixaram de fazer reserva a fim de garantirem a presença do frango na mesa de Natal.

Nestas terras do sol nascente reina também a curiosa convicção de que o Natal é a altura ideal para os milagres do coração e é assim que os hotéis, os restaurantes e a Disneylândia de Tóquio preparam programas cheios de flores e champanhe. Entre o romantismo deste pai natal travestido de São Valentim e as pendas de natal, que devem ser desembrulhadas cuidadosamente sem rasgar o papel, apenas resta o tempo de desejar Kurisumasu Omedeto (feliz Natal), pois o dia 25 é um dia de trabalho normal, onde se vive já a antecipação da verdadeira rainha das festas Japonesas, o shougatsu, a festa de fim de ano.

Escrito por António e Ãngela Rebordão.
Para ser publicado no suplemento Fugas do jornal Público do dia 23/12/2006.

3 comentários:

Anónimo disse...

Que festas espectaculares! Melhores doas que são aqui, pois para mim o Natal não tem nenhum significado religioso, pois não acredito em Deus.

Aprendiz disse...

Grande António!

Um abraço aqui do torrão natal (por falar em Natal), e cuida de ti, não te percas nem te estragues, como diz um amigo.

Um abraço pra ti!

Nuno

PS: vou comprar o público e depois quero um autógrafo!!!!

Anónimo disse...

Um Natal espetacular, sem duvida...

Se fosse nalgum pais subdesenvolvido, debaixo de opressao
dictaturial ou a que faltam os meios economicos para dar
prioridade a alteracao da situacao, era menos grave embora
sempre passivel de condenacao; mas no Japao, num estado
economica e tecnologicamente desenvolvido, que se diz
democratico e civilizado, quatro enforcamentos no dia de
Natal e vergonhoso. Vergonhoso e tambem o nosso (vosso) provincianismo, a estreiteza de horizontes, o permanente
olhar para o umbigo e para a propria barriga cada vez mais
obesa. E nesta ignorancia , desatencao, alheamento do
mundo, que o governo niponico aposta para fazer passar a
barbarie por baixo do manto da "diplomacia do charme",
das cerejeiras em flor cada vez mais vermelhas do
sangue das vitimas eternamente injusticadas e esquecidas
de Nanjing, das verdejantes colinas cujas brisas nos
transportam os suspiros ultimos de cada enforcado.

Deixo-vos a noticia do Japan Times, 26 Dezembro 2006, sec
XXI DC na Europa, sec XXI AC no Japao.

=== inicio de citacao====
Tuesday, Dec. 26, 2006

Day of hanging comes without warning
Officials claim they keep condemned in the dark to ease
their stress

By SETSUKO KAMIYA
Staff writer

Death row inmates do not know until the morning of their
last day that their number is up. It could be next week,
next month, or years away. But for four, the gallows
suddenly came Monday.

The condemned, and their next of kin, are purposely kept
in the dark about their fate by the government until the
time to hang arrives. As one Justice Ministry official put
it, this is to lessen the mental torture of an inmate
waiting to die, but critics have long denounced this logic
as the exact opposite of the torturous truth.

The four hanged Monday were no exception, and now 94
others sit on death rows nationwide, never knowing when
the knock on the door will come.

And the public, even though taxpayers foot the bill for
executions, also only find out after the fact and glean
few details from the government.

"The secrecy is rare among countries with legitimate
capital punishment procedures," said Makoto Teranaka of
Amnesty International Japan, the local branch of the
nongovernmental human rights watchdog group.

The Criminal Procedure Law stipulates that an execution
must be carried out within five days after the justice
minister issues the order.

The hangings Monday were carried out "because there was an
order," said a Justice Ministry official in the criminal
department who asked not to be named. He denied there was
any reason why Christmas Day was chosen.

Generally, the ministry will reveal on the day of an
execution that a convict has been hanged but withholds the
name of the deceased and the location where the sentence
was carried out. The media and Amnesty International
Japan, after an execution is announced, routinely gather
details through lawyers and next of kin.

A Justice Ministry corrections department official said
that in general, relatives of executed inmates are
informed afterward.

He declined comment on whether officials informed the kin
of the four who were hanged Monday.

The reason death row inmates are not given advance warning
that their time to hang is approaching is to prevent them
from suffering a psychological impact, the criminal
department official said.

"If they know, they will think things like 'it's my turn
next' and suffer, and so will their families," he said.

There are no laws requiring advance disclosure of such
information to inmates, he noted.

But critics are demanding disclosure of information
related to capital punishment so the public can discuss
the issue of whether Japan should continue the practice.

"It is up to the public to decide whether to maintain
capital punishment or introduce life imprisonment and
abolish the death penalty," said lawyer Toru Motobayashi,
former chairman of the Japan Federation of Bar
Associations. "But more information needs to be disclosed
for the public to have a serious discussion on the issue."

Copyright: The Japan Times
=== fim de citacao ====


Loki a solta.