26/10/08

Danmara

Dunmara é uma casa à beira da Stuart Highway e passaria incógnita se não fosse a única casa ao longo de muitos Km (Katherine está 314 Km a Norte e Elliot 100 Km a Sul). Também vende gasolina e tem um restaurante, cabine telefónica, bar, motel e parque de campismo. Foi aqui que pernoitámos e, embora já estivéssemos habituados a que os mosquitos averiguassem o nosso tipo de sangue, não deixou de ser estranho ter, enquanto lavávamos a loiça, a companhia de sapos-cururu, osgas, uma râ verde e uma cobra e, ao acordar, ver vacas e centenas de papagaios no campo em frente. E como se isto não bastasse, vários corvos irritantes e dezenas de pássaros do tamanho de estorninhos estavam interessadíssimos no nosso pequeno-almoço. A natureza é bonita!

25/10/08

David Clément

David Clément
O David saiu há 2 anos da Suiça e, após pedalar meio-mundo, encontramos-nos e acampámos 100 Km a Oeste da povoação mais próxima (Alice Springs). Nesse dia partilhámos o jantar seguido de um chai e dispensamos-lhe água para que, no dia seguinte, conseguisse chegar ao posto de abastecimento de água (Glen Elen) mais próximo (50 Km). O plano dele era chegar a Adelaide (3035Km para fazer o Norte-Sul da Austrália) e fazer um pequeno desvio de 400 Km para ver Uluru. E após pedalar um pouco pela Nova Zelândia talvez regresse à Suiça para preparar a próxima andança. Tem 32 anos e de vez em quando escreve em http://davidclement.top-depart.com.

Itinerário do David até 07/10/2008

19/10/08

Mataranka

À medida que se avança para Norte o deserto fica para trás e é em Mataranka que esse contraste é óbvio. Alguma da água das chuvas que cai a 2000 Km de distância em Queensland é filtrada pelos canais aquíferos e surge em Mataranka alimentando um oásis luxuriante de águas termais e centenas de palmeiras. Essas palmeiras alojam uma colónia de 200 mil morcegos Pteropos (os maiores do mundo, conhecidos como Raposas-voadoras). De dia estão pendurados nas palmeiras e ao anoitecer fazem-se à vida em bandos que preenchem o céu com milhares de pontos negros em voo errático.

Post-scriptum: Após 2 semanas e meia de paisagens desoladas; escassez de água, de vegetação e de verde, chegar a Mataranka foi um perturbador choque paisagístico, uma quebra do quotidiano. Mas com os banhos de água quente lá conseguimos recuperar...

18/10/08

Estou de volta!

Regressei hoje!

Deixo-vos um balanço em números:


1) 26 mil Km (20500 Km de avião, 4200 Km de jipe, 735 Km de autocarro e 525 Km de comboio-bala);

2) 7 aviões, 3 autocarros, vários ferries e metro, 1 comboio-bala e 1 Toyota Land Cruiser
;
3) 2 noites num aeroporto, 2 noites num avião, 9 noites em casa de amigos, 5 noites em hostel, 1 noite num autocarro e 20 noites de campismo (algumas vezes selvagem);

4) 3 pneus que explodiram (4 se contarmos com o que explodiu alguns dias antes da minha chegada);


Explora o mapa!


Ver mapa em grande

Também vós deixo uma selecção das melhores fotografias: (clica para abrir)
2008/09&10 - Australia

No outback

As estações de combustível no outback são inóspitas, caras e sui generis. Algumas delas parecem paradas no tempo.

15/10/08

João G

João G aos mandos da Wombat.
Os dois entendem-se perfeitamente.

A Wombat

É de 1985, tem 4000cc de cilindrada, destila gasolina ou gás, ronrona como uma gata e os amigos tratam-na carinhosamente por "Wombat" (para os outros é uma Toyota Land Cruiser).

14/10/08

Parque Nacional de Watarrka

Kings Canyon é um desfiladeiro com 100m de altura e parte do Parque Nacional de Watarrka. Está no Território do Norte a 323Km distante da cidade mais próxima (Alice Springs) e a 1316Km a sul da capital do estado (Darwin). A tribo Luritja vive aqui há 20 mil anos e o primeiro Europeu (Ernest Giles) apareceu em 1872. Toda esta área já esteve coberta pelo mar e algumas das rochas no topo do desfiladeiro foram criadas a partir de areia comprimida que entretanto sofreu a erosão de 30 milhões de anos. Estas rochas porosas absorvem a pouca água das chuvas e criam reservatórios subterrâneos que alimentam pequeníssimas nascentes de água que brotam no fundo do desfiladeiro, e assim surgem pequenos oásis de vida no meio do deserto.

OPAL

O Território do Norte é 15 vezes maior do que Portugal, tem 200 mil pessoas e 30% são aborígenes. O modo de vida deles é tão distinto daquele que lhes foi imposto que muitos não se adaptam, vivem centrados nas suas comunidades e tornam-se presas fáceis das drogas, da inércia e do álcool. Para evitar que alguns deles inalem gasolina, alguns postos de combustíveis no outback vendem OPAL (gasolina sem cheiro).

Billycan

Chama-se Billycan e não é uma panela qualquer. É um ícone do outback Australiano! Cozinha massa, arroz e noodles e também deve cozer batatas. Faz chá, aquece água e dá-se bem com o fogão e com a fogueira.

Post-scriptum: Usámos uma ao longo de muitos dias que invariavelmente terminavam com 1 litro (ou mais) de
Chai.

O descanso do viajante

Mikkel, companheiro de viagem e "Gringo", contempla a paisagem que o espera.

13/10/08

Em modo exploração

No "Valley of the Winds" [1] [2] ele caminha resoluto, de olhar atento e com vistas para um cenário surreal. João G é Português, amigo e observador/explorador por paixão.

Instantes do quotidiano

Um dos 4 pneus que nos explodiram nos trilhos do deserto Austral. "Desert Dueler" da Bridgestone!

08/10/08

Poema XI

Não invejo a quem tem
Carros, parelhas e montes
Só invejo a quem bebe
A água em todas as fontes

(...)


Minha alma já viu mil montes

Vales perdidos na serra
Só não viu pomares em flor
Iguais aos da nossa terra.
O mundo só pode ser
Melhor do que até aqui
Quando consigas fazer
Mais pelos outros que por ti

Excerto de "Oh rama, que linda rama", canção popular Alentejana