31/12/06

Poema IX

Gente da minha terra (Beira Baixa, Fundão)
É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra

Sempre que se ouve o gemido
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar

Ó gente da minha terra

Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi

E pareceria ternura

Se eu me deixasse embalar
Era maior a amargura
Menos triste o meu cantar

Ó gente da minha terra

Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi

Amália Rodrigues (1920 - 1999)

23/12/06

Descontracção Lusa

Albicastrense captado em 22/12/2006
Falei da descontracção Holandesa mas a Portuguesa não lhe fica atrás. Pois sabemos que o ser é mais importante que o parecer...

Um cheirinho de Amesterdão

Um espírito irreverente e mundano envolve a capital holandesa. As casas setecentistas e os cafés que ladeiam os canais transportam-nos para tempos idos (anos 20) e as ruas estão povoadas com as alegres bicicletas holandesas.

Como onde há rosas também há espinhos, avisa-se que a tarte de maça na Villa Zeezicht já não é o que era e que fazer turismo em solitário é aborrecido (tal como em 2005). O clima também dispensa apresentações e há sempre aquilo que fica por descobrir/escrever...

Um Bem-Haja à minha anfitriã Richelle.

Todas estas fotografias foram tiradas nos dias 15, 16 de Dezembro de 2006.
Observem os pormenores pertencentes à montra da última fotografia.

Amizade

Tirada às 20h47 do dia 12 de Dezembro de 2006

15/12/06

O Natal em Amesterdão

Fotografia captada em 14/12/2006
O casamento é um acto de partilha! Seja o de uma palavra amiga ou o transporte da árvore de Natal.

12/12/06

Um deboche descontraído

Tirei esta fotografia a uma outra que está no Museu de Edo, Tóquio
Alguns fotógrafos Japoneses retratam a sociedade de modo peculiar e descontraído. Como exemplo, aqui fica uma fotografia que cativa pela composição e frontalidade.

Apostando igualmente no olhar hoje sigo para Amesterdão e no Sábado planeio atracar na Portela.

Recomenda-se

imagem em http://horrorblog.4xd.net/wp-content/uploads/2006/05/saw.jpg

Roppongi é uma das zonas ultra-cosmopolitas de Tóquio. Galerias de arte, bares, discotecas, museus, embaixadores e uma certa irreverência coexistem alegremente por estas bandas. Foi por estas bandas que, há duas semanas, vi um filme que me cativou do inicio ao fim. Repleto de emoções fortes e com um final alucinante não percam Saw III. Num cinema, clube-de-video ou disco-rígido perto de si...

11/12/06

O Natal no Japão

Fotografia saqueada no weblog venezolano
No Japão, onde menos de 1% da população é cristã, o Natal foi importado pelos soldados norte-americanos após a II guerra mundial. Entalado entre as divertidas festas de bonenkai, no início de Dezembro, e a empolgante festa de fim de ano, o Natal reduz-se a uma morna e familiar noite de consoada, de fraco ou nenhum significado religioso, vivido apenas como um evento social especialmente dedicado às crianças e aos namorados.

A partir de meados de Novembro, no Oriente como no Ocidente, as montras enchem-se de desejo, e as ruas de cânticos e iluminações de Natal. Nas casas onde há crianças não falta a árvore de natal e as luzes que hão-de guiar o velho Jizo (o pai Natal japonês) na distribuição das prendas. A refeição de consoada é partilhada com a família ou entre namorados e manda a tradição que inclua carne de aves, champanhe e um bolo de Natal, feito de pão-de-ló coberto com creme, e enfeitado com morangos e “pais natais” de açúcar. É em nome desta refeição de consoada que surgem grandes filas nas lojas do Kentucky Fried Chicken, onde os mais precavidos não deixaram de fazer reserva a fim de garantirem a presença do frango na mesa de Natal.

Nestas terras do sol nascente reina também a curiosa convicção de que o Natal é a altura ideal para os milagres do coração e é assim que os hotéis, os restaurantes e a Disneylândia de Tóquio preparam programas cheios de flores e champanhe. Entre o romantismo deste pai natal travestido de São Valentim e as pendas de natal, que devem ser desembrulhadas cuidadosamente sem rasgar o papel, apenas resta o tempo de desejar Kurisumasu Omedeto (feliz Natal), pois o dia 25 é um dia de trabalho normal, onde se vive já a antecipação da verdadeira rainha das festas Japonesas, o shougatsu, a festa de fim de ano.

Escrito por António e Ãngela Rebordão.
Para ser publicado no suplemento Fugas do jornal Público do dia 23/12/2006.

09/12/06

Outono III

Aqui fica o último suspiro do Outono 2006. Para o ano há mais...

Um Amor Infinito

Fotografia em www.airesceltas.com/link/caja%20granada/cj_gr_madredeus.htm

Com Um Amor Infinito em vista procuro ocasiões de partilhar a minha alma lusa com uma musa nipónica e foi assim que, esta Quinta-feira, demos por nós a escutar os Madredeus no último concerto desta sua tournée 2006, num momento mágico, possuído de luz e poesia.

Longe de casa sabem especialmente bem os gestos desinteressados de quem nos quer bem - seja um sorriso ou uma palavra amiga! Os exemplos poderiam ser muitos mas aqui deixo o meu Bem-Haja aos 4 P's (e restantes letras) que trabalham para a Embaixada de Portugal e que se lembram de quem por aqui anda longe.

No véspera do concerto houve uma recepção em casa do embaixador J. Pedro Zanatti (para comemorar a tour dos Madredeus) onde sempre podemos contar com a simpatia dos 4 P's e outros (des)conhecidos. Ao sabor de uns saudosos pásteis de bacalhau e um copo de Mateus Rosé, pude sentir o prazer de um dos pequenos nadas de que a vida, garantia o Poeta, é feita; dois dedos de conversa em boa companhia. Pela interação, olhar e reciprocidade uma nota muito especial para as Anas, a Eva, a Laura, o José Peixoto, o Carlos M. Trindade e a Teresa Salgueiro. Boa sorte!

04/12/06

Outono II

às 15h05 do dia de hoje - no Campus da universidade
O Outono assume-se como a estação rainha. Talvez pela cor, pelo sol ou pela melancolia de mais um ano que se apaga...

02/12/06

Outono I

fotografia captada no Campus da Universidade de Tóquio
Um Dezembro solarengo instala-se e um mundo colorido preenche o olhar. E é assim que alguns locais de Tóquio parecem brotar da palete de um pintor...

Se eu fosse baleia

fotografia de Artur Pastor (1922-1999)
Com uma dieta rica em peixe e 127 milhões de bocas para alimentar, o Japão saqueia impunemente os oceanos sem se importar com o amanhã. E com jogadas de bastidores lá vai comprando o fechar de olhos da comunidade internacional...

O Japão diz que quem não caça não manduca, ainda que as vozes que repudiam a chacina das baleias e dos golfinhos se tornem cada vez mais incómodas. Ainda assim o clube dos caçadores conta com mais dois membros, a Islândia e a Noruega. Será que por muito sustentada e racional que seja esta caça, estas espécies, já ameaçadas, vão conseguir resistir aos predadores que nós somos?

O que eu vos digo é que se eu fosse baleia, refugiava-me nos Açores e candidatava-me aos subsidios Europeus.

26/11/06

Societas ibi est

Indivíduo de ar suspeito em Shibuya
Abaixo da superfície encontram-se sub-mundos vedados a quem não os vê. As portas apenas se abrem conhecendo as pessoas certas (ou as erradas)...

13/11/06

...

O futuro releva-se auspicioso e não se condensam gritos de paixão em suspiros. O melhor que consegue é um "aos 31 sou mimado por Deus!"...

Hoje, depois do frenesim de Shibuya e da ternura da companhia, regressei a casa pedalando cheio de esperança no dia de amanhã. O ipod debitava Belle and Sebastian e uma torrente de calor envolveu-me, resolvi então erguer as mãos do guiador e sucumbindo ao momento deixei-me ir de braços erguidos em jeito de asas...

07/11/06

What's your type?

Para breve num monitor perto de si!

A intensidade anda de mãos dadas comigo e por isso não tem havido timing para escrever. Agradeço a vossa paciência. Voltem em breve!

29/10/06

Poema VIII - Dedicatória

Para a A.

Recorda como eu gostaria de estar junto de ti
Quando um dia, levado pela saudade,
Folheares, - talvez, quem sabe? - sem as ver,
Que o doce pranto teus olhos nublará,
Estas páginas belas de Amizade.
Belas e singelas, que o Tempo não profanou...
Quando olhares, p'ra tudo que passou...
Recorda como eu gostaria de estar junto de ti...
..........................................
Uma verdade inspirada no muito que sofri
Um conselho nascido do pouco que aprendi;
- Não deixes nunca que a Primavera se vá...
O Inverno é cruel, põe o frio nas almas...
O frio intenso que nos rouba as horas calmas...
Por isso ri agora e sê feliz!
...
Ninguém volta a sonhar o que sonhou...
Ninguém volta a viver a mocidade...
..........................................
...Recorda como eu gostaria de estar junto de ti...
E quando, um dia, na volta do caminho,
Olhares p'ra trás, p'ra tudo que ficou...
E sentires a voz distante do Passado
Dum passado que o Tempo não matou...
Recorda que a saudade não perdoa nunca!
...
Ninguém volta a sonhar o que sonhou...
Ninguém volta a viver a mocidade...

Milú Conceição 29/10/57 - Lx

27/10/06

The Nightmare Before Christmas

Imagem descaradamente roubada em www.disneylandpostcards.com/misc.html

As obras de Tim Burton fazem-nos percorrer trilhos de fantasia que convergem para o inimaginável. Em 1993 foi lançado The Nightmare Before Christmas e depressa se tornou um filme de culto. Um mundo de animação que, sob a forma de um musical, se revela genial na sua originalidade.

Jack Skellington, o rei do Halloween, está aborrecido por organizar o Halloween todos os anos. Um dia descobre o mundo do Natal e decide que, nesse ano, o Natal será feito pelo mundo do Halloween...

Num clube-de-video ou disco rígido perto de si...

Are you ready?!

Eu estou pronto! (fotografia tirada no meu quarto)

Tendo o Halloween como mote, coisas estranhas irão acontecer na metropolis das Cinderelas e dos homens-salário. Assumindo formas disformes um punhado de dissidentes ameaça colorir a normalidade vigente. Estes seres maléficos têm tendência para se agrupar onde menos se espera (e.g. comboio Yamanote das 21:07h em Shinjuko - direcção Norte, plataforma 13, vagão 10) e na mobilidade festiva tudo se espera...

25/10/06

Apanhados XI

Uma família a divertir-se na Disneyland de Tóquio, 22 Outubro de 2006
Ser pai ou mãe cansa!

16/10/06

Bife, massagens e Chopin

Se as vacas engordam ao sabor das árias de Chopin e das massagens diárias, provavelmente vivem em Kobe e no verão bebem cerveja. Tudo em nome dos mais altos padrões de qualidade!

Devido à falta de espaço os animais estão confinados a estábulos ou pequenas cercas e, se perdem o apetite durante o verão, é-lhes dada uma cerveja diária. Os machos que vão para a engorda são castrados e aos 28 meses visitam o matadouro. Algumas das fêmeas têm mais sorte e fazem essa viagem 8 meses depois e, além disso, têm direito a várias mordomias: massagens de 20min (de Maio a Outubro), não fazem exercicio e apenas saem do estábulo para a massagem. Isto resulta numa carne macia de elevada qualidade e com preços que nos fazem soltar um "Vamos comer frango!".Post-scriptum:
Este texto foi baseado num artigo sobre o bife de Kobe e as fotografias que usei estão incluídas no dito. Há que acrescentar que nem todas as vacas ouvem música pois isso varia consoante o produtor.

15/10/06

Feriado!

Fala-se da produtividade Portuguesa e da pesada máquina estatal. Diz-se que temos de apertar o cinto e, na caça às bruxas, a comunicação social até diz que deviamos cortar alguns feriados e que os Asiáticos é que estão certos.

Aqui ficam, sem mais comentários, alguns dados sobre o números de feriados nacionais por país:
(fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_holidays_by_country)

Polónia: 11;
França: 12;
Portugal:
14;

Suécia
: 14;

China: 8;
Coreia do Sul: 16;
Tailandia: 16;
Japão: 18; (se algum calha a um Domingo, considera-se o dia seguinte (Segunda-Feira) como sendo feriado);

Será que temos assim tantos feriados?! Alguns jornalistas informam ou desinformam?!

Post-scriptum:
Esta inferência é parcial e manipuladora. Sugere-se que alguém aborde a questão de forma séria e sustentada (case studie com dados fiáveis).

10/10/06

31

Há quem diga que nos aniversários sentimos o carinho de quem nos tem como amigo. Assim o escriba deste blogue torna público a data do seu aniversário: 21/10/1975

Esperam-se emails, comentários, cartas e postais.

Antonio Rebordao A403
Soshigaya International Student House
4-24-1 Kami Soshigaya
Setagaya - ku
Tokyo 1570065
Japão

09/10/06

Poema VII

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver, de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Poema "Viajar! Perder países!"
Fernando Pessoa (1838 - 1935)

08/10/06

Couch Surfing

A comunidade CouchSurfing cria redes de amizades assentes em contactos pessoais e ajuda a fazer deste planeta uma aldeia global. Trata-se de uma comunidade de pessoas com mente aberta que gostam de viajar. Ao todo somos 125 mil membros em 208 países e partilhamos experiências, conselhos, alojamento ou trocamos dois dedos de conversa ao sabor de um café.

Abrindo as nossas vidas, casas e/ou corações criam-se laços que cruzam oceanos, continentes e culturas, modificando não apenas o modo como viajamos mas também a forma de nos relacionamos com o mundo. Em Agosto de 2005 surfei por vários sofás (ver post “Andanças Europeias”, 09/2005) e conheci gente fantástica com quem contacto frequentemente.

É um sistema seguro e já alojei várias pessoas no meu sofá ou simplesmente saímos para jantar e/ou beber uns copos. Já conheci bailarinas, estudantes, executivos ou globettrotters. Esta partilha dá sentido ao globo, e sinto que tenho casas e amigos desconhecidos onde quer que vá.

Post-scriptum:
O meu username é rebordao2001

05/10/06

A carta I

“Senhor, posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer! Todavia tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creia que, para aformosentar nem afear, aqui não há de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu.

E portanto, Senhor, do que hei de falar começo:”

Embarcamos na Portela, como Vossa Alteza sabe, dia 5 de Outubro do ano de 2005. Fizemos-nos aos céus há 365 dias e, graças a Deus até ao dia de hoje, os ventos foram de feição e o passar dos cabos não levantou problemas de maior. Quinta Feira, 6 do dito mês, nos achámos em Tóquio e por aqui andamos em calma desde esse dia.

Tanto o Governo desta ilha como o Senhor feudal que nos acolheu em muito boa conta nos têm. A sua generosidade tem sido imensa e "mulheres, pão e vinho" nos têm sido oferecidos. Terras Novas, nativos de todo o mundo, comida exótica e um espanto quase-que-diário fizeram parte deste ano que passou e dos outros que hão-de vir. Mas se houve intensidade, também houve a que não se viveu e é assim que iremos estar atentos e dinamizar em seu prol.

Beijo as mãos de Vossa Alteza.

Deste porto seguro, da Nossa ilha de Cipango, hoje, Quinta-feira, quinto dia de Outubro de 2006.

António Rebordão

Post-scriptum:
O 1º paragrafo faz parte da Carta de Pero Vaz de Caminha aquando da descoberta do Brasil.

03/10/06

O 44º primo de Mersenne

Foi descoberto o 44º número primo de Mersenne! O monstro é qualquer coisa como 2 elevado a (32 milhões 582 mil e 657) tudo menos 1. Impressionante!

Os números primos de Mersenne são da forma 2 elevado a “um número natural” tudo menos 1 (ex. 3, 7, 31, 127,...). Não há técnicas que confirmem rapidamente se um número x é primo, a única forma é dividir x por todos os números inferiores a x e ver se é divisivel por algum. Esse é o problema! Os super-computadores de hoje não conseguem fazer isso em tempo útil e, actualmente são computadores vulgares como os nossos que unidos em torno do projecto GIMPS (Great Internet Mersenne Prime Search) têm descoberto os últimos números de Mersenne. Milhares de computadores pessoais, nas horas livres em que estão ligados e a não ser usados, correm software que tritura blocos de informação que depois de analisada é enviada para um servidor central que a gere e analisa. A matemática é dinâmica e são pessoas como tu e eu que a constroem. Junta-te ao GIMPS!

Post-scriptum:
Um número primo é um número que só é divisivel por sí próprio e por 1 (ex. 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17,...). Há infinitos números primos, possuem propriedades intrigantes e usam-se muito na Criptografia e na Teoria de Números, que por sua vez tem imensas aplicações ao nosso dia-a-dia e na corrida ao espaço. São provavelmente os números mais misteriosos do mundo...

02/10/06

O Ser Budista

Monges Budistas em Chiang Mai, Tailândia - Agosto 2006
No SE Asiático os monges budistas preenchem as ruas com o colorido das suas túnicas e a simplicidade dos seus sorrisos. As suas cores acompanham-nos por todo o lado e são respeitados pela sociedade. O seu modo de vida é simples e, teoricamente deviam sobreviver apenas com as oferendas dos crentes. Dedicam os dias à meditação e rotina do templo/mosteiro onde vivem.

Para muitas crianças a via religiosa é uma das poucas formas de obter educação e comida. Há também países (e.g. Tailândia) onde os homens devem cumprir 1 mês de serviço religioso, podendo extender esse período indefinidamente até que decidam voltar a ser homens mundanos. Ao despontar do dia, saem de malga-das-almas na mão para recolherem comida e outras oferendas (conferindo místicimo às manhãs). Visitar os templos, observar a descontração dos monges e escutar os seus cânticos também não nos deixam indiferentes.

Post-scriptum:
O Budismo é uma filosofia baseada nos ensinamentos de Siddhartha Gautama (Século VI a.C.). Divide-se em 3 ramos (Theravada, Mahayana e Vajrayana) e promove a descoberta (em cada indivíduo) da essência que está por detrás de todas as coisas. Para atingir esse estádio de esclarecimento são necessários muitos anos de meditação, virtude e boa conduta. Aqueles que o conseguem tornam-se Budas (os esclarecidos).

29/09/06

Orgasmos palativos

Vendedores de comida em Khao San Road, Bangkok, Tailândia - Agosto 2006
Uma infinidade de restaurantes ambulantes habitam as ruas, espalhando cheiros e suscitando desejos. Atrelados-cozinha, algumas cadeiras, mesas e mãos virtuosas criam este conceito de restaurante que na sua simplicidade cuida do principal, que é a satisfação do cliente.

Come-se fora com tanta frequência que estes sitios proliferam por todo o lado oferecendo sorrisos fáceis, fruta fresca, crepes e pastéis, curries, omeletes, batidos e sumos de fruta natural, grelhados, massas Pad Thai, os clássicos e outras iguarias típicas de um pais tropical que combina o melhor que a terra e o mar têm para oferecer.

Post-scriptum:
A gastronomia Tailândesa é considerada uma das melhores do mundo e resulta da confluência da gastronomia Indiana, Chinesa, Nepalesa e Indonésia. Recomenda-se vivamente!

28/09/06

Kompong Phluk

Aldeia de Kompong Phluk (a 45Km SE de Siem Reap), Cambodja - Agosto 2006
Na época das chuvas o lago Tomlé Sap inunda as florestas e planícies limítrofes transformando-se num dos maiores lagos deste planeta. Diversas comunidades piscatórias vivem nas suas margens e conscientes do vaivém das águas construiram as suas aldeias sob estacas. Locais espartanos onde electricidade e tecnologia são sinónimos pois ambos constituem um sonho distante.

27/09/06

A erva daninha

Hoje enquanto discutiamos questões sociais um amigo Japonês disse-me algo que poucos teriam coragem de dizer numa sociedade como esta. "Sabes?... pisando-me não me quebram a vontade. Apenas me dão alento para ser a erva daninha que, façam o que fizerem, há-de sempre voltar a erguer-se".

Numa sociedade conformista como a Japonesa esta afirmação tem o que se diga...

25/09/06

A caminho de Angkor

De Poipet a Siem Reap, Cambodja - Agosto 2006
Da fronteira Cambodjana (em Poipet) até Angkor são 140Km de pó, lama, buracos e avarias mecânicas. Num fluir anárquico, todo o tipo de veículos, pessoas e animais desfilam numa estrada ladeada de arrozais e paisagens arrebatadoras.

23/09/06

Apanhados X

Bangkok - Agosto 2006

Numa das minhas fotografias favoritas, um monge budista espera por um dos muitos barcos de passageiros que cruzam o rio Chao Prya. E enquanto o barco atraca num movimento de vertigem, o monge agarra-se à sua imobilidade.

Post-scriptum:
Usar os eficientes transportes fluviais de Bangkok, além de divertido, proporciona um contacto directo com os nativos e perspectivas únicas da cidade. Os monges budistas estão por todo o lado com as suas túnicas laranja e as sacolas psicadélicas.

22/09/06

Apanhados IX

Bancada de peixe em Chinatown, Bangkok, Tailândia - Agosto 2006
Uma realidade desconhecida envolve-nos enquanto deambulamos pela Chinatown de Bangkok. Num labirinto de ruelas sobrelotadas um peixe anónimo quase que passava despercebido por entre a multidão se não fosse pela cor, posição ou imprevisibilidade do encontro.

21/09/06

Apanhados VIII

Ta Prohm, Angkor, Cambodja - Agosto 2006
A mãe natureza será sempre a vencedora...

20/09/06

Tradições Karen Padaung

Noroeste Tailândes, Agosto 2006
Os Karen Padaung são uma das tribos que, há 60 anos, fugindo da guerra na antiga Birmânia, procuraram refúgio nas montanhas do Noroeste Tailândes. Vivendo em aldeias sem electricidade e água corrente dedicam-se à tecelagem, cultivam arroz, recolhem mel e vivem do turismo preservando, na medida do possível, o seu modo de vida milenar.

Devido a acção missionária muitos deles são Cristãos e as suas mulheres-girafas são conhecidas por este mundo fora. Desde tenra idade (5 anos) as mulheres colocam anéis em torno do pescoço distorcendo o mesmo. Os anéis exercem pressão nos trapézios e estes ocultam-se por baixo da clavícula. A somar a isso, as vertebras do pescoço, devido à pressão constante, assumem ângulos de 45º o que resulta num alongamento do pescoço.

Enquanto os homens estão no campo as mulheres e as crianças vendem souvenirs e deixam-se fotografar. E na eventualidade de tirarem os anéis não morrem, apenas abandonam o seu ganha pão.

18/09/06

Apanhados VII

A guerra civil e a politica descabida dos Khmers Vermelhos deixaram uma herança pesada. Num pais corroído pela pobreza e pela corrupção, 35% das pessoas sobrevivem com menos de 1$ diários e a falta de infraestructuras revela um pais terceiro-mundista.

Esta fotografia capta um dos Homens que ganham a vida puxando carros-de-carga na fronteira Cambodja-Tailândia. Dando prioridade a um companheiro, parou por beves momentos a dureza do seu fado diário. Ao fundo, encontra-se o carro de um Tailândes abastado que provavelmente veio visitar os casinos de Poipet...

16/09/06

Apanhados VI

A breves passos do imponente templo de Angkor Wat (Cambodja) captei a minha Dulcineia envolvida no deus Sol.

Em Angkor história e devoção estão presentes a cada olhar. As forças da natureza extravasam-nos e assim reconhecemos a nossa insignificância perante o todo.

13/09/06

Apanhados V

Banca de documentos falsos em Khao San Road (Bangkok, Tailândia)

Khao San Road está no epicentro da cultura backpacker de Bangkok (Tailândia), onde podemos encontrar uma vasta oferta de serviços que não se esgota na vulgar hotelaria, na restauração ou no entretenimento. Qualquer recanto de rua serve de escaparate a serviços e produtos, segundo a velha máxima de que onde há procura, nascerá forçosamente oferta. Numa ofensiva comercial de alta competitividade atropelam-se pelas ruas vendedores, artistas, taxistas Tuk Tuk e outros jovens empreendedores como o que se pode observar na fotografia. O seu negócio?! A falsificação de documentos (cartas de condução, acreditações de jornalistas, cartões de estudante ou até mesmo diplomas). Mas como há sempre espaço para a moralidade, parece que ele não se dedica aos passaportes nem à contrafacção de dinheiro.

12/09/06

A Glimpse of Japan V1.1

A versão 1.1 de 'A glimpse of Japan' já está online. Foram adicionadas duas novas galerias (Cambodia I e Thailand II) e houve alterações em 'People, Youth Culture'.

11/09/06

Apanhados IV

O homem que conduz o arado nos arrozais Cambodjanos, Agosto 2006

Viajar de mente aberta, sem o stress de termos os dias contados e por trilhos não turisticos permite-nos sentir outras realidades. Realidades essas que nos mostram a diversidade cultural, étnica, geográfica, religiosa e económica que impera neste fascinante planeta e que, à medida que se encontra, nos dá a entender que o seu limite converge para infinito.

As preocupações do agricultor que conduz o arado nos arrozais Cambodjanos talvez sejam as mesmas que os seus congéneres de todo o mundo, possivelmente adaptadas ao seu ambiente e aos meios à sua disposição. Talvez o velho mote a vir ao de cima, "todos diferentes e todos iguais".... (diferentes no rótulo e semelhantes na essência).

10/09/06

Aviso à população

Os menos atentos talvez ainda não tenham reparado que finalmente foi escrito o texto "Quando a humidade dispara". Encontram-no 3 textos abaixo deste.

Apanhados III

Transporte de gado no Cambodja, Agosto 2006

Consoante o tamanho as motorizadas transportam 1 porco, 2 porcos ou mesmo 3 porcos. Vivos e de patas em riste eles vão a caminho de algures!

As motorizadas são autênticas bestas de carga: galinhas, bicicletas, porcos, atrelados com bidons de água,
leitões, estátuas de Budas ou 5 pessoas numa mota. A versatilidade dos Khmers surpreende e há quem diga que o desenrascado MacGyver era Cambodjano.

A cada olhar nos surpreendemos e aquilo que é estranho deixa de o ser. Assim é o Cambodja!

O próximo capítulo,
"No Reino da Kampuchea", brevemente num monitor perto de si. Estejam atentos!

O blog Abrupto do José Pacheco Pereira publicou-me a fotografia no dia 12.09.2006

03/08/06

Andanças Asiáticas

Avisa-se a população que este blog estará inactivo até dia 2 de Setembro.

Decidi embalar a trouxa e zarpar para sul.

Se sobreviver haverá Cambodja e Tailândia para todos vós.

Ave Mundi Luminar!

Quando a humidade dispara

Apesar dos moderados 28º C, os elevados níveis de humidade desta ilha de Cipango, fazem-nos suar em bica.

Várias são as formas de sobreviver: enquanto os mais afortunados frequentam praias apinhadas (os realmente felizardos viajam para fora), os outros passeiam-se com uma pequena toalha com que enxugam o suor e fazem por frequentar locais que possuam ar condicionado, que se torna uma necessidade básica, especialmente durante o sono.

Teme-se abandonar a fresquidão, pois quando o fazemos, envoltos num manto de humidade, o suor cola-se à pele de todos os passos. E ao parar, fechados na intimidade do nosso quarto, os sonhos e memórias de paragens distantes (e secas?) desfilam pelo nosso imaginário e, é nesses momentos, que adivinho em mim o Capitão Willard do Apocalypse Now: imóvel, semi-nú, à espera...

18/07/06

Às 13h50...

Hoje, na aula de base de dados, olhei em meu redor e dediquei-me à estatística:

Local: sala 241 (capacidade para uns 300 alunos)
Hora: 13h50
Nota: Nestas aulas não precisamos de computador, basta lápis, borracha e papel.

Alunos presentes: 51
Alunos a usar PC: 28 (em actividades externas à aula)
Alunos a dormir: 5
Alunos a realizar tarefas externas à aula que não envolvem o uso do PC: 4 (pelo menos...)

Cálculo auxiliar:
51 - 37 = 14

Inferência:
Na melhor das hipóteses, 27,4% dos alunos estavam atentos à aula.

Conclusão:
Mais uma vez o lema de sempre... corpo presente e mente ausente.

06/07/06

Tanabata

Uma prendada donzela chamada Orihime e o jovem Kengyu viviam nas margens de um grande rio.

Como em tantas outras estórias eles apaixonaram-se intensamente e viviam exclusivamente um para o outro. Com tanto namoro deixaram de lado as tarefas e obrigações diárias e o pai de Orihime (Senhor Celestial) decidiu castigá-los pela sua irresponsabilidade. Foram condenados a viver em margens opostas e apenas podiam encontrar-se uma vez por ano, ao 7º dia do 7º mês lunar.


Nesta lenda Japonesa o grande rio é a Via Láctea e Orihime e Kengyo são as estrelas Vega e Altair, respectivamente. Esta é a lenda que sustenta o festival Tanabata (comemorado desde 755 AD). Crianças e adultos escrevem poemas de amor; desejos de saúde, de prosperidade e de riqueza em papeis coloridos que penduram em altos bambus com que enfeitam parques, ruas e praças.

Post-scriptum:
É fascinante a forma como o Homem interpreta o meio ambiente através dos mitos. Realmente é ao 7º mês lunar que no hemisfério Norte, brilhando intensamente no firmamento e separadas pela Via Láctea, se encontram as estrelas Vega e Altair. Hoje em dia a ciência explica e desmistifica os mistérios que nos rodeiam. Acredita na lógica e na ciência! O mito já não convence!

03/07/06

Hoje é a brincar!

O Japão vibra regularmente ao sabor das placas tectônicas e a sociedade adaptou-se ao risco: As casas constroem-se a pensar nisso (um esqueleto/estrutura de grandes barras de aço confere elasticidade aos edificios) e as pessoas aprendem os procedimentos a seguir.

A regra de ouro é abrir as janelas ou as portas e refugiarmo-nos debaixo de uma mesa com o telemóvel na mão. A primeira assegura uma saída de fuga e a segunda protege-nos da queda de objectos. A seguir apenas nos resta rezar.

As universidades, as empresas e outras intituições, de vez em quando, organizam uma simulação anti-terramoto. Foi assim que o edificio onde trabalho foi palco de um destes acontecimentos. Sob o comando de poderosos altifalantes refugiámo-nos debaixo de mesas e depois disso evacuámos, não o corpo mas sim o edifício. Estava um dia risonho e até deu para socializar um pouco enquanto desciamos as escadas.

Sabemos que as forças da natureza podem causar dor, sofrimento e morte. Se esse dia chegar, que o anjo da guarda nos proteja...

Post scriptum:
Em 1923 o terramoto de Kanto devastou Tóquio, em 1995 foi a vez de Kobe e rezam as estatísticas que 20% dos terramotos mundiais são Japoneses. Em 2005 a tragédia abateu-se sobre Caxemira (Paquistão e India) e em 2004 uma combinação de terramoto com tsunamis varreu o Oceano Índico causando 279 mil mortes.

21/06/06

Há coisas do futebol...

A International House onde moro representa dignamente o conceito de aldeia global. Uma autêntica Babel onde diversos povos socializam e se unem em torno de interesses e valores comuns. Um desses interesses é o desporto e foi assim que, no último Sábado, 1 Holandês, 1 Português, 1 Francês, 1 Egípcio, 1 Inglês, 23 Iranianos, um grupo de Filipinos, de Chineses e de Sul-americanos se juntaram em torno de uma televisão que debitava o jogo Portugal - Irão.

O jogo foi o que se viu mas isso é o menos. O que realmente importa são as pessoas! Dentro do meu pré-conceito e assumindo o risco das generalizações, acredito que na essência dos povos Magrebinos e de alguns dos povos do Médio Oriente existe: a capacidade de socializar; o conceito de familia alargada (em jeito de clã); a preocupação com a higiene; a vontade de partilhar e o gosto por cozinhar bem. Muito mais poderia ser dito mas fiquemos por aqui...

Os meus vizinhos Iranianos permitem-me ir conhecendo um pouco da herança Babilónica. Falam-me de histórias e de lugares exóticos, de comida saborosa e das tristes politicas governamentais. Generosamente paritlham chá, fruta e sorrisos que vão alimentando a minha curiosidade por terras Tunisinas, Libanesas, Marroquinas, Egipcias, Sirias, Iranianas e Turcas.

Post-scriptum: A foto foi extraída de
http://tiomas.no.sapo.pt