03/08/07

As noites da Gardunha

Os astros sempre nos fascinaram e há vários milénios que influenciam a acção humana. Quiçá o verdadeiro Deus seja esse desconhecido...

De pequeno queria um telescópio para explorar os céus mas fiquei-me pelo olhar nu que, mesmo assim, preenchia as noites passadas no seio da Gardunha e, agora que estou longe, lá vou mitigando saudades ao sabor do Stellarium.

Ainda retenho algumas dessas paisagens estelares mas como escutar o vento que desce o vale, o marujar do ribeiro e os sons que a noite traz consigo?

Post-scriptum: A Gardunha foi baptizada pelos Árabes, significa refúgio/abrigo e é nesse refúgio que quero escrever um livro.

2 comentários:

Anónimo disse...

Voltar a casa

Vou, entre as pedras e o cinzento da serra.
Na quase noite o velho caminho
é um mero fantasma.
Faz muito tempo já que ouvi
que só se lembra dos caminhos velhos
quem te saudades da Terra.
Talvez seja por isso, não esqueci.
Por entre as pedras e o mato
Encontro ainda o caminho
que me leva a casa.

Já revejo o que não vejo.
A égua castanha que meu avó guia,
leva-me monte acima.
Das soleiras das portas, por entre o entrelaçar dos cestos
Os velhos dizem “bom dia”, e as cerejeiras
estendem-me ramos de promessas.

Vejo as tias e as primas e uma festa de anos à minha espera,
num bolo de três andares, coberto de guloseimas de amoras.
Atravesso o ribeiro e ouço já os animais que o fim de tarde
traz à charca para beber.
Entre os socalcos de terra vermelha
a minha casa, a porta verde,
Há luz lá dentro.
Estão todos à minha espera.
E eu voltei a casa.

Alegna
Pensando na Gradunha,6 de Agosto de 2007

Tiaguss disse...

Fico a aguardar a publicação!

Aquele abraço
Tiago Lages